Azia, queimação iniciada no estômago que “sobe” pelo peito, náuseas e vômitos são alguns dos sintomas comuns nas pessoas que sofrem com o refluxo (ou Doença do Refluxo Gastroesofágico, o nome técnico do problema).
Bastante frequente na população (estima-se que 25 a 30% da população já apresentou sintomas de refluxo em algum momento da vida), o refluxo ocorre devido ao retorno anormal do conteúdo ácido do estômago ao esôfago, podendo atingir nos casos mais graves a laringe e a cavidade oral.
Alguns alimentos pioram os sintomas da doença, seja por provocar um maior relaxamento da musculatura da transição entre o esôfago e estômago, seja por aumentar a acidez estomacal, impactando diretamente na qualidade de vida dos pacientes. Os principais vilões são: café, gorduras/frituras, chocolate, bebidas alcoólicas e gaseificadas (refrigerantes, cerveja), além de comidas muito apimentadas.
Mudança de hábitos alimentares é a chave
Sophia, universitária de 25 anos conta que as queixas de refluxo sempre estiveram presentes (desde a infância), porém na adolescência aumentaram em intensidade. “Só comia fast food. Sentia queimação o tempo todo e a comida voltando”, diz a jovem.
Após procurar um gastroenterologista e realizar investigação através de endoscopia, que mostrou inflamação no esôfago, foi iniciado um tratamento medicamentoso e medidas antirrefluxo, que consistiam basicamente em mudança dos hábitos alimentares, com fracionamento das dietas em pequenas porções, eliminação dos líquidos junto com alimentos e moderação no consumo de alimentos específicos, como gorduras e frituras, no caso da paciente. Os sintomas amenizaram bastante e as crises diminuíram.
“Ao cortar o fast food melhorei rápido, mas ao descuidar da alimentação os sintomas voltaram a me atormentar”
Ao ser questionada, ela relata que agora entende que a mudança dos hábitos alimentares deve ser constante, já que durante as crises de refluxo, mesmo com medicação, sente que os sintomas atrapalham o dia-a-dia e pioram a sua qualidade de vida.
“Sentia ele até na academia, durante os exercícios em que fazia muita força abdominal. Voltava tudo. Após as refeições era o pior momento, a queimação e a náusea incomodavam bastante. Era horrível”.
O cafezinho era o vilão
O aposentado Francisco, de 60 anos, também sofreu com a doença do refluxo gastroesofágico por muito tempo. Bebedor assíduo de vários “cafezinhos” ao longo do dia, ele relembra que os sintomas foram piorando de forma progressiva, sempre imediatamente após o consumo da bebida.
“Começou com soluços e uma queimação leve. Com o passar do tempo, ao abaixar pra pegar algo sentia aquele ácido subindo pela garganta. Nunca imaginei que o café fosse o culpado”, relembra
Após ignorar os sintomas por muito tempo, recorrendo a antiácidos e receitas caseiras na Internet – o que é desaconselhado pelos médicos – ele só resolveu procurar o gastroenterologista quando os sintomas já eram diários. Fez o diagnóstico de refluxo e também de uma gastrite pelo H. pylori, ambos tratados associando medicações para o refluxo, antibióticos para o H pylori e mudanças nos hábitos alimentares. O café teve que ser interrompido.
Hoje completamente assintomático, Francisco fala que às vezes é difícil resistir ao café, especialmente no período matinal e após as refeições. “Quando consumo, tomo o descafeinado, mas percebo que se exagerar na dose, não fico 100%. Então, tento evitar”, conta ele.